YouTube mais Profissional
Até o final do ano, o YouTube poderá não ser o mesmo. O site de vídeos da Google passará por um reposicionamento, segundo matéria do Wall Street Journal que repercutiu nesta semana.
A previsão é que, até o final do ano, o site invista US$ 100 milhões para a criação profissional de 5 a 10 horas semanais de conteúdo, o que vai resultar no lançamento de 20 canais de “conteúdo profissional” e em uma nova home para o YouTube, que deixará em destaque a produção do material original.
Nesta semana, o Los Angeles Times confirmou que a Google está abrindo um escritório em Los Angeles, com a intenção de fechar acordos com diretores e produtoras locais. No mês passado, foi feita a aquisição da Next New Networks, responsável pela produção de vídeos de curta duração.
Com o reposicionamento, o possível objetivo da Google é conseguir equilibrar melhor a quantidade de “conteúdo profissional” e o chamado “conteúdo gerado pelo usuário” (UGC) publicado no site. Desse modo, o YouTube se tornaria mais atraente para anunciantes.
A postura da Google é até que esperada. Historicamente, “conteúdo gerado pelo usuário” sempre foi difícil de ser monetizado (o site de vídeos Blip.TV fez um caminho parecido. Começou aceitando sem controle conteúdo enviado pelos usuários, para depois passar a trabalhar apenas com produtores profissionais).
Caso seja concretizado, o reposicionamento poderá mudar um pouco a dinâmica do YouTube. A Google deixará de investir tanto no licenciamento de conteúdo para se focar mais na produção própria. Acostumado a gerar tráfego por meio de vídeos individuais, o site de vídeos contará com uma programação própria, com conteúdo primário e publicado com uma certa periodicidade.
Com a programação é bem provável que aumente o tempo de visita do usuário no site.
O conteúdo próprio poderá ter também o efeito de gerar uma fidelidade maior dos usuários.
A mudança não deixará de ser uma possível resposta ao crescimento de serviços como Netflix e Hulu, que trabalham com conteúdo profissional e de longa duração – filmes e seriados. Comparado com Hulu e Netflix, no YouTube um usuário, em média, passa pouco tempo (15 minutos por dia).
É lógico que, nessa briga com os dois, o YouTube tem uma certa vantagem – a Google possui infraestrutura de internet (recentemente, o Netflix foi prejudicado por uma decisão da operadora AT&T, que controla parte da infraestrutura de internet nos EUA).
A intenção de aumentar a quantidade de conteúdo profissional está relacionada também à Google TV, que tem como carro-chefe levar o conteúdo do site de vídeos aos aparelhos de TV. Logo após o lançamento no ano passado, a Google TV foi muito criticada por fornecer pouco conteúdo.
A possibilidade de poder assistir o atual conteúdo do YouTube na TV não foi suficiente para atrair usuários para a Google TV (parece que Steve Jobs estava certo quando disse que na TV as expectativas são outras. As pessoas gostam de ver conteúdo profissional e bem produzido).
Com esse reposicionamento, o YouTube também seguirá uma tendência detectada na última edição do relatório State of News Media, publicado no mês passado. Empresas que, antes eram apenas agregadoras de conteúdo, estão passando a investir na produção de conteúdo primário.
Fonte: Tiago Dória WebLog
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